segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Pôr do Sol







Esta foi minha primeira publicação. Eu tinha 12 anos e foi uma alegria enorme ver minha crônica publicada no jornal da minha cidade.Hoje o recorte do jornal está amarelado  afinal já se passaram muitos anos. Então resolvi guardar aqui neste meu espaço virtual e compartilhar com vocês.


Pôr do Sol

Aproveitando na praia meu último dia de férias, um fato aparentemente sem importância chamou-me atenção: um velhinho solitário sentou-se num banco de frente pro mar. Pus-me a observá-lo com uma estranha curiosidade. Sua idade não consegui imaginar, porém na sua expressão serena, refletia lago raro, um sentimento de paz...
O velhinho mergulhado na natureza tinha a pele marcada pelo tempo, mas seus olhos eram vivos e brilhantes que até mesmo dispensavam palavras. Seu cabelo todo branco não negava a experiência e os lábios secos transmitiam uma energia armazenada ainda que pequena.
Nada o incomodava, permanecia apático a tudo e a todos à sua volta. Quando crianças passavam por ele seu rosto se enchia de ternura, mas continuava perdido na música do mar. Por um momento sua fisionomia escureceu, talvez pensasse nos homens acorrentados em seus preconceitos, nos homens máquinas e naqueles que tem um céu coberto de glórias, de guerras e de tédio. Depois percebeu que era livre e que estava muito alheio a tudo isso.
O dia começou a cerrar os olhos. As primeiras sombras traziam a melancolia do sol em declínio e o velhinho não se mexeu. Ninguém compreendia que não precisava gritar para falar e todos esbarravam nele sem o notar. Os que o amaram com certeza teriam pena, os que o odiaram proclamariam vitória e no meio de tanta gente não havia alguém que pudesse entender que o seu olhar buscava mais um pôr do sol e que seu coração ainda esperava o amor.


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