segunda-feira, 11 de julho de 2016

"Café da Ciça" e a ausência da Sandra





Em setembro vai fazer um ano que ela não está entre nossas risadas, reflexões, discussões políticas , brincadeiras e confissões e sem falar na  degustação de diversos sabores que a cada encontro nos proporcionam um gosto de quero mais. Ela fazia parte do Café da Ciça.
O café da Ciça ou Cimeira do Café da Ciça ( muito chique estas meninas! eu não sabia que  cimeira  significa encontro, termo muito empregado em Portugal) surgiu para mim em um momento que me sentia muito sozinha e procurei uma das integrantes, aliás, a Ciça, que levou a fama do café. Fomos colegas de trabalho no Banco do Brasil e é claro, fomos separadas pelas circunstancias da vida,mas sempre mantivemos acesa a chama da amizade.
Bem, nesta época  atendendo meu pedido de socorro ela me falou que algumas colegas estavam animadas com uma reunião mensal que ela fazia em sua casa ( a maior parte das integrantes  havia trabalhado no Banco e aderido ao plano de Demissão Voluntária) e assim também comecei a participar.
Lembro-me que a primeira vez que deixei sua casa depois do encontro, carreguei uma alegria infantil indescritível porque fazia muito tempo que eu não ria de modo a dar dor na barriga. 
Lá encontrei algumas colegas que tive o prazer de trabalhar, outras que faziam parte do grupo mesmo com outras atividades profissionais e outra que nem conhecia bem, mas que fazia parte da minha árvore genealógica. Integrante do grupo também a filha da Ciça, uma garota adorável regulando em idade com meus filhos que além de ser muito inteligente e educada também possui uma doçura e maturidade rara , qualidades estas que lhe dão  condições de suportar  a falação e maluquice das amigas da mãe. 
E revi a Sandra, uma pessoa única no estilo de vida e personalidade. 
Quando trabalhamos juntas eu era a mais nova do grupo e ela imediatamente assumiu a postura de irmã mais velha, tomando conta das minhas investidas sentimentais, verificando se os pretendentes eram bons o bastante. Em uma viagem de férias no litoral paulista ela se tornou a minha consciência e eu não conseguia fazer nada transgressor já imaginando a cara de reprovação da Sandra. Ela espiculava tudo, palavras como Quem, Onde, Quando e Por Que estavam sempre presentes nas suas incansáveis perguntas e talvez por isso ela sabia de tudo. Era vaidosa, tinha um ar inglês com os cabelos ruivos, o porte grande e sardas, e os seus lábios estavam sempre coloridos. Tinha uma voz e uma risada daquelas  pessoas que nos passam confiança:  forte, poderosa, sem máscaras.
Ela morou na Inglaterra um tempo e seus caminhos foram percorridos com fé numa religião que adotou como prioridade. Ela foi muito amada por todos seus irmãos cristãos. Também havia uma outra característica marcante no seu jeito de ser- ela que brigou anos com a balança- tinha também aquele orgulho de se controlar numa mesa cheia de "gordices".  E estava sempre falando da eficácia de algum produto natural ou alguma dieta fantástica.  
Caso soubéssemos que ela partiria tão cedo talvez incentivássemos a não se privar tanto. Eu digo talvez  porque eu nunca precisei fazer dieta -por fatores genéticos sempre fui muito magra -e sinceramente eu não sei o que a deixaria mais feliz , se afundar o "pé na Jaca" ou resistir. 
De qualquer forma sentimos sua falta  e em todas as reuniões sua memória como pessoa única e amiga admirável continua a fazer parte dos nossos encontros do Café da Ciça.

"Naquela mesa tá faltando ela  e a saudade dela tá doendo em nós"







5 comentários:

  1. Lindo texto, Lais, saudades enormes da Sandra que nos faz uma falta imensa. Obrigada por esta lembrança sensível! Bjs

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    1. Obrigada Misa pelo carinho! Quando revejo fotos dos nossos encontros tenho certeza que ela estava feliz com a gente.

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  2. É não é que já vai fazer um ano. Um ano já sem ela, sem a alegria contagiante dela, suas risadas e sua voz que ainda ressoam em nossos ouvidos e nossos corações.
    Obrigada, Lais, por nos brindar com esta linda homenagem à nossa eterna amiga, irmã, parceira inesquecivel em todos os nossos momentos e que tanta falta nos faz!

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    1. Obrigada Agueda! Você acertou em cheio! Nossa amiga eterna com momentos inesquecíveis registrados não somente em fotos mas nos nossos corações.

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  3. É não é que já vai fazer um ano. Um ano já sem ela, sem a alegria contagiante dela, suas risadas e sua voz que ainda ressoam em nossos ouvidos e nossos corações.
    Obrigada, Lais, por nos brindar com esta linda homenagem à nossa eterna amiga, irmã, parceira inesquecivel em todos os nossos momentos e que tanta falta nos faz!

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